(im)Paciencia

Alguns dizem que a paciência vem com a sabedoria, e sabedoria com a idade. Seguindo essa ordem de pensamento, é como se eu tivesse 10 anos a menos, entrando na adolescência, e toda a sua pressa, sua sede de dinamismo.
A paciência não é uma dádiva e sim um exercício constante que envolve ioga, florais, e perseverança. Haja paciência! Mas ficar quieta com relação às coisas que nos irritam é realmente ter paciência? Paciente não deveria ser, antes de mais nada, não se irritar? Quem espera pelo médico já torna-se automaticamente um "paciente". Será isso porque já é óbvio que a espera é irritante, mas o paciente tem mesmo que ser paciente para ter irritações piores resolvidas?
As pessoas pacientes talvez tenham que se desvincular um pouco da realidade. Só quem se envolve plenamente com ela se irrita com aquilo que acontece no mundo real. Porém, é possível não sucumbir à impaciência se, por exemplo, o "paciente" se inebriar numa revista, num telefonema, num pensamento, e se desligar da horr'ivel secret'aria tamborilando na mesa, a tosse do homem ao lado, a mosca que bate em ão contra o vidro, a música "Antena 1" de fundo. Aliás, todos os Dalai Lamas da paciéncia tem ser ser apenas pacientes em lugares isolados e não em plena Av. Paulista com um cara que te insiste em vender a revista de incentivo ao teatro por apenas... Aliaás, aliás, que coisa mais irritante as pessoas que pedem paciência quando, na verdade, elas só a alcançam porque têm um problema de surdez e não acordam com os carros de pamonha. Mas paciência, deixa pra lá. Talvez paciência seja mesmo budista: um desapego da nossa irritação, deixá-lá passar, rir delas, sem sarcasmo, é lógico.