Alouu!?

Passeando pelo site da revista "Super Interessante" achei essas fotos de orelhões estranhos. Só que hoje em dia, para serem estranhos à nós os orelhões não precisam ser vestir de fruta-do-conde. São raras as vezes que usamos orelhões, eles ficaram relegados à emergências, como o dia em que o celular não recarregou, foi roubado ou perdido. Vivemos plugados aos aparelhos de celular e recebemos chamadas no meio de um passeio, na praia, num almoço. Isso não é normal. Ficamos o tempo todo alerta à uma possível chamada, ouvimos um som parecido ao nosso toque e ficamos meio enloquecidos, confusos. O que deveria ser confuso é estar na praia, por exemplo, junto à natureza, e ouvir um barulho eletrônico. Talvez seja por isso que as pessoas pensam menos, estão mais alienadas. Sócrates e Platão não talvez não tivessem tido grandes idéias se, no meio da caminhada habitual na ágora, tocasse um telefone interrompendo toda a imersão no assunto. E quantas crianças deixarão de aprender a esperar se, ao invés de serem esquecidas na escola, com cinco minutos de atraso elas ligarão pra mãe pra saber se ela tá vindo. Sem contar no processo de aprendizagem interrompido. E a graça de passar bilhetinhos escritos em papel, então? Será que isso já é um hábito ultrapassado? Sem contar na espera dos apaixonados. Nada de "será que ele vem?", nada disso. No lugar apenas mais uma obrança: "cadê você? Você tá atrasado!" E os telefones fixos, então? Também abandonados. Sem contar nos sinais de fumaça e na boa e velha telepatia: "me liga, me liga, me liga".
Deveríamos nos desconectar mais, dar trabalho aos orelhões. Parar de viver nessa sobrevida, num eterno sobressalto de toques de celular.
Pense nisso. A vida ganhou preaticidade. E em troca, sua vida perdeu a graça.
E não me ligue pra reclamar.