Em algum lugar de Paris
Era mais uma tarde ensolarada em Paris, e depois da aula resolvi andar com um amigo até a casa dele, que ficava na Av. Montaigne. Para o relógio, a caminhada era longa, mas em Paris, andar é tão agradável que perdemos a noção do tempo e nos deliciamos com pequenos detalhes da cidade.
No caminho, o assunto era o amor. Eu tinha acabado de conhecer um cara muito especial, e aquele era o segundo dia em que estava morando com ele. Depois da caminhada, aliás, eu iria encontrá-lo na saída do seu trabalho na Paris-Plage. Era delicioso.
Mas eu e meu amigo estávamos andando pela margem do Sena, e entrávamos no começo da Champs Elysées, uma parte com belas e altas árvores, e um jardim de cada lado. Lá na frente, o Arco do Triunfo. Eu confessava ao meu amigo que eu tinha medo de me apaixonar, que aliás, eu não ia cair no cliché de me apaixonar em Paris e que de qualquer forma eu iria embora em três semanas, logo, seria apenas um caso de amor de verão. Ele me contava que não conseguia namorar mais que um ano e achava meu plano ótimo.
Antes de ir pra casa, resolvemos mais uma vez mergulhar no mundo das liquidações, e entramos na loja Virgin Records. Logo começamos a ouvir cds desconhecidos que custavam apenas 5 euros. Logo me interessei por um grupo até então desconhecido, que misturava tango com música eletrônica. Era o Gotan Project e a música Queremos Paz. Essa música marcou o resto da minha viagem, e o começo de uma longa história de amor nas ruas e parques de Paris.
Em uma terça-feira cinzenta de São Paulo, quase quatro anos depois, o shuffle de músicas do Itunes começou a tocar aquela música, que mais uma vez me transportou para as ruas do Marais. Mais uma vez as horas não seguiram o relógio, e voltei no tempo, na saudade, e na percepção, de que tudo aquilo ficou para trás.




Um comentário:
São fragmentos da história de duas pessoas em todos os lugares...Soa quase como uma assombração, muitas vezes pra mim, isso é insuportável!
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