terça-feira, 2 de junho de 2009

A indústria da religião

Uma das obras mais famosas do Renascimento cultural italiano é a Capela Sistina, afrescos pintados por Michelangelo, dentro do Vaticano. Logo que descobri que os ingressos podiam ser comprados pela internet achei estranho, mas achei que fosse mminha mania natural de estranhar a mistura de religião com tecnologia.
A fila dobrava a esquina, toda aquela gente (que não comprou pela internet) pacientemente esperando para entrar no Museu do Vaticano. Você esperaria? Eu confesso que iria desistir sem olhar para trás.
Mas lá dentro as coisas estavam piores. Todo esse museu com obras interessantíssimas e belíssimas foi transformados em um grande corredor para a Capela Sistina, sub-valorizando, desde quadros de Chagall, a belos afrescos. Como que em peregrinação, as pessoas se expremiam em portas e corredores, todas apressadas para chegar ao destino final. Era doentio, aquele turismo religioso e pseudo-religioso, era de dar nojo. Para completar, vários e mais vários turistas sem o menor senso do ridículo empurravam bebês em carrinhos, por todo o percurso. O Vaticano fez da Capela Sistina um negócio bem lucrativo.
O ar era abafado, mas se alguém desmaiasse, por onde sair? E se algum pânico geral fosse instalado, por algum motivo qualquer, quantas pessoas seriam pisoteadas?
Duas horas de calvário depois, chegamos à Capela Sistina, e era triste. Como uma casinha de pombos, as pessoas se amontoavam, umas em cima das outras. As pessoas olhavam para cima sem ver, falando alto e tirando fotos sem respeitar o fato de que ali era uma capela. Eu já esperava isso dos turistas, mas não dessa forma. E se eles realmente parassem para observar, eles iam se decepcionar. Todas as imagens que somos habituadas a ver são mesmo lindas, mas elas são muito pequenas. O teto é alto, e enxergar tudo aquilo é muito difícil. Os famosos dedinhos que quase se encostam, são apenas parte de um todo, como vocês podem ver, ou não, na foto. Com a multidão, comtemplar se torna um ato ainda mais complicado. Muitas galerias aqui pedem para que você compre antes e marque hora, pois apenas um determinado número de pessoas pode entrar ao mesmo tempo. Porque o Vaticano não faz o mesmo e valoriza suas obras?
Assim como chegar até ali, sair era como comprar naquela loja Etna: não adiantar comprar o produto e sair, você tem que passar pela loja inteira para chegar ao caixa.
Fé? Não comprei, e não vi nas prateleiras. Aquilo ali só me trouxe discrença. E muito mau-humor.

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