Meus amigos de oito anos
A luz do túnel já era mais clara que o céu. Era sexta-feira e o trânsito não andava. Apoiando o queixo sobre as duas mãos, uma menina de oito anos olhava o mundo pela janela de trás. Fazia tanto tempo que eu não via crianças assim. Tendo sido eu muito adepta a me apoiar no bacno de trás e olhar o mundo pela janela do porta-malas, fiquei feliz. Deve ser uma consequência da evolução tecnológica, que deve fazer com que as crianças mergulhem no seu próprio mundo, ao invés de olhar janela afora.
O trânsito não impediu que eu rapidamente entrasse em uma veloz viagem à infância. A menina ensaiou um tchau. Em resposta, virei a mão e fiz uma daquelas máscaras, que fez com que ela morresse de vergonha e virasse pra frente. Sorrindo, ela voltou e riu. Fiz de novo. Ela dava gargalhadas. Mudei a careta. Ela cutucou o irmão. Perdemos a noção de tempo e espaço. Dei tchau, eles deram tchau. A vergonha voltou, eles se abaixaram, levantaram, abaixaram de novo.
Os carros começaram a andar e as filas a se desfazerem. Logo não estávamos mais um atrás dos outros. Mas cada vez que nossos carros se emparelhavam, mesmo que por alguns segundos, eu ganhava sorrisinhos e tchauzinhos efusivos. Às vezes a felicidade plena volta a ser pura e simples.




3 comentários:
Amei o post, é uma delicia a volta a infancia , principalmente a nossa sem tanto videogame...
te adoro
bjocas
Má, eu também fazia tanto isso na infância durante as viagens para São Carlos ou São Sebastião, quando ia visitar minhas avós... Adorei a lembrança que seu post me trouxe. Um beijo grande pra você.
Huaaaahuahuahuahuahah... Eu sempre brinco com as crianças nos carros ao lado pq eu adorava qnd entravam na minha brincadeira... Tempos bons esses...
Bjoooo Máááá!
Postar um comentário