quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vazio no completo

Foi na noite de ano novo. Os fogos ainda apareciam grande, mas a praia já estava vazia e eu continuava em frente ao mar, pensando em 7 ondas para pular. O que pedir? Eu não sabia, eu não tinha nem metade de uma lista para pedir.
Estou tão feliz do jeito que as coisas estão, não consigo achar nada mais que eu queira. Foi assim que eu me dei conta que eu tinha tudo. Mas não sei se foi nesse dia que eu percebi uma grande ironia em se sentir completa. Vem quase um vazio.
Durante a vida, a gente se acostuma a ver o que falta e correr atrás disso. Eu tenho o emprego, os amigos, a família, a saúde que eu queria. Tenho todas as noites livres para dançar, beber e conhecer os lugares que eu quiser. Mas eis que, em alguns dias, vem a pergunta: "e o que mais?" Logo eu canso das mil cores de esmaltes, dos livros, dos lugares. Quantas vezes eu já desejei que queria um lugar novo para ir? As pessoas falam de livre-arbítrio, mas a verdade é que quando ele chega, ele às vezes parece livre demais. Sabe do que estou falando? Tenho visto muita gente da minha geração experienciar esse vazio no completo. Talvez tudo isso seja ainda novidade e o meu cérebro não se ajustou à nova realidade. Ao mesmo tempo, parte dessa experiência de me sentir completa, veio com a felicidade de alguns vazios.
Eu não sei, isso tudo ainda é difícil de explicar. Mas é como que, bater em uma madeira bem dura: a sede de sempre querer mais, de sempre buscar o que falta, esbarra na completude. E agora?
Cinco minutos depois cai a ficha do quanto essa conversa é um tanto de menina mimada. E sim, chega a dar até vergonha de confessar essa constante sede por mais. Mas aí está um retrato de uma das felicidades mais estranhas e puras que eu já senti.

Nenhum comentário: