terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Verão em São Paulo

Levemente inclinada para a direita, a lua estava mais cheia que o normal no caminho pra casa depois de mais uma daquelas deliciosas noites pós-chuva de verão. Passei muitos anos com a suspeita de que a lua crescente ficava virada para o outro lado no hesmifério norte, mas então percebi que isso não me importava mais.
Sonhei tanto em ir embora, gastei tantos anos odiando São Paulo. Mas quando chega o fim de semana, eu já não sinto a necessidade de ir pra praia. Enquanto a brisa da Marginal entra pela janela, entrecortada por buracos, poças e os motoqueiros suspeitos, eu respiro tranquila.
Todo janeiro era a mesma ânsia pelo mar, mas a cada manhã de sol, fico feliz de ir trabalhar sem nem sentir o gosto do sal. A cada noite quente na praia, as de São Paulo têm oferecido mais refrescos, saias, vestidos, música. Alegria.
O cenário não é de coqueiros, mas a vida tem sido de verão.
Rodeada de concreto, ainda é difícil entender como de repente a vida ficou tão leve.
A cidade não mudou, quem mudou fui eu.

2 comentários:

Guilherme Gurgel Prado disse...

Gostei!! Gostei muito!

mami disse...

bárbaro - super bem escrito!
texto poético, perfumado, inspirado