quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Transição

No começo da adolescência eu costumava achar que aos 25 anos eu me casaria. A conta era simples na minha cabeça racional: se minha mãe se casou aos 22, era só dar o desconto da modernidade dos tempos. Só que aos 25 percebi que as contas do lado racional não é suficiente na hora de tomar decisões e muito menos para ter poder sobre meu destino. Se antes os 25 eram a idade para ter filhos, hoje me parece a idade da fase de transição da adolescência para a fase adulta. Pelo menos pra mim. Não me identifico mais com o meu passado. Mas é muito difícil entender que a adolescência ficou para trás. Dá saudade. Ao mesmo tempo, o futuro me assusta com sua necessidade de colocar cada vez mais peso nas minhas decisões. E é claro que eu me volto para o passado em busca de alguma experiência me ajude nas respostas. Mas nada se encaixa, quero novas respostas, novos desafios e quero distância das minhas lembranças. Elas me dão um vazio, não me completam, me enchem a paciência. Gostaria de esquecê-las. Essa fase de transição é dureza. Me disseram que eu iria me sentir velha, mas me sinto cada vez mais nova, uma jovenzinha reclamando sobre coisas que eu sei que são besteiras para quem já passou por isso. Acho tudo uma mistura de coisas pesadas demais e levianas demais. É como se eu conseguisse me enxergar aos 80 anos, rindo de mim mesma hoje. Só que não tem como se livrar desses questionamentos. Vejo as pessoas tão decididas, com rumos tão certos, mas eu só consigo me arrumar mais perguntas. Ou então vejo alguns que se perderam na eterna adolescência, como se a vida fosse um eterno intervalo entre o carnaval e o natal. Isso me enoja. Tenho achado difícil viver essa fase de transição. É tudo tão enevoado, fica difícil saber onde vou pousar, onde quero aterrissar. O lado bom de viver uma transição é que, como a palavra sugere, ela é temporária, só não sei quanto vai durar esse tempo.

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