sábado, 13 de maio de 2006

Em Qualquer Outro Lugar


Nada de errado, mas eu cansei de ser terráquea. A lua não é o bastante, pois não quero nem olhar pra Terra. Vou para Júpiter. Ou Saturno. Não quero fugir, pois fugir implicaria em deixar as pessoas preocupadas e se preocupar com essa preocupação. Então, eu vou sumir, deixar de existir de uma para outra deste espaço x tempo relativos e vai ser como se eu nunca nem estivesse aqui, como se eu tivesse me desmaterializado e ninguém vai sentir a minha falta. Depois, quando eu tiver aproveitado bastante da minha paz, o que será provavelmente daqui a cem anos, eu volto para o mesmo lugar de onde o tempo parou quando eu fui embora e vai ser como nada tivesse acontecido para quem está à minha volta. Aliás, eu poderia já ter ido e voltado e ninguém saberia. Só dá pra saber, porque eu ainda estou de saco cheio desse planetinha! Quero tempo pra nada, quero o vazio que me completa, quero cansar de descansar, quero o silêncio de poder querer por mim mesma, sem uma nuvem de mosquinhas consciência querendo que eu quisesse de certa forma, querendo que a vida coubesse em certos e errados fazendo essa névoa dedos indicadores. Ainda bem que logo, logo vou ter a leveza de não-existir e assim não tem como ninguém nem tentar estar na minha pele. Se elas quisessem estar na minha mente elas veriam que tudo é muito mais difícil do que eu demonstro e que eu não consigo mais aguentar críticas quando eu mesma não posso dizê-las, que eu sufoco com essa névoa e eu gostaria que algo nesse mundo me desse algum conforto. Por isso vou pra qualquer outro lugar. De preferência um sem essas leis que fazem de tudo uma gravidade.

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