Pulando o carnaval

Como um país de maioria católica, que segue o calendário gregoriano, muitos dos feriados brasileiros vêm da necessidade de poder se dedicar inteiramente aos rituais da religião de cristo. Dois mil anos ou mais anos se passaram e no lugar de rituais, o país laico que faz de tudo para cumprir a lista dos sete pecados capitais, parece ter esquecido os rituais. O natal e páscoa correspondem mais a presentes e chocolates que a nascimento e renascimento. Porém, antes da quaresma, parece existir um feriado que ainda não foi descaracterizado. Este é o carnaval ou, a festa da carne. Mas o Carnaval no Brasil tomou proporções muito maiores do que antecipar as privações até a paixão de Cristo.Das fantasias, só sobraram a máscara e a purpurina na carne exposta. Onde foram parar os confetes e as serpentinas? Varridos, deram lugar ao puro consumo da carne. As marchinhas de carnaval deram lugar a ruídos sobre alguma coisa que algum dia foi uma mulher.Onde foi parar o feriado que trazia um pouco de farra, um pouco de leveza? Aquilo que algum dia trouxe a liberdade de expressão, prendeu o brasileiro na obrigração de pular o carnaval. Longe dos bailes coloridos apesar do trânsito, homens e mulheres mais uma vez lotam a praia como grãos de areia. Todo esse excesso dá mesmo vontade de pular. Pular da sexta-feira até a quarta-feira de cinzas.