Sobrevivendo no asfalto

Porque a terra da garoa ainda pára com a chuva? Por aqui, a chuva já deixou de ser uma característica e o trânsito deixou de ser um evento único.
Como sobreviver ao congestionamento visivelmente pior a cada dia?
Presa no mesmo lugar, ligo o rádio pra me distrair, mas o locutor da Eldorado ultimamente se dedica muito ao triansito diz que "ninguém aguenta mais"e isso já sei bem. Mudo de estação e músicas com tom futurista-depressivo se harmonizam com a paisagem. Não vejo saídas para São Paulo, literalmente.
As pessoas parecem animais selvagens, cada um querendo chegar antes a algum pedaço de carniça. Um homem que me fechou outro dia, falou que eu deveria me acostumar. Mas porque eu deveria?
Enquanto me afogo na calmaria estática do mar de carros, num daqueles cenários abominantes que mais parecem Orwellianos, Huxelianos ou Bladerunnianos, penso em como chegar viva ao destino final do meu percurso pelo asfalto. Quem sabe isso te ajude também.
- Leve água. Mas não beba demais pra não ficar com vontade de ir ao banheiro.
- Deixe comidas não perecíveis e bem embaladas no carro para sobreviver ao trânsito das seis da tarde. Ele pode durar até nove da noite.
- Leve algo para ler ou aceite de boa vontade um jornal. A distração é necessária.
- Ligue o rádio mas tenha um estoque de cds para fugir dos comerciais a cada meia hora.
- Compre um aparelho viva-voz para usar o celular.
- Na ausência de distrativos ou mesmo na presença deles, imagine que você tem um grande mata-mosca que esmaga os zunintes motoqueiros.
- Use sua buzina para qualquer invasão espacial e tente respeitar as leis de trânsito para não piorar a situação.
- Não vá para o Morumbi nas quartas-feiras de jogos. Nunca usea pista expressa da marginal no trecho que vai da ponte da cidade-jardim à ponte do Morumbi.
- Para felicidade instantânea, compre um helicóptro, ou mude para perto do trabalho e diga adeus ao seu carro.
E que venha o fim de semana, com ruas livres.