sábado, 28 de fevereiro de 2009

A separação

O fim está próximo há algum tempo: é palpável. Ainda assim, tento não olhar para trás e me debruço sobre ele com o intuito de aproveitar o que resta. Não foi amor à primeira vista, mas quando me dei conta eu já estava envolvida por toda aquela beleza digna de uma obra de arte, e por aquelas palavras tão bem colocadas, em pontos de vista inusitados e me vi até em encantada por assuntos que antes me pareciam desinteressantes. Em muitos momentos eu me surpreendi com o seu poder de compreender a alma humana.
O fim está próximo e eu sei que existem muitos outros pela frente e que, mais uma vez eu vou me apaixonar, só que agora isso parece impossível. O relacionamento foi longo, e dividido em dois volumes que somavam aproximadamente 1200 páginas. Mas não consigo achar a coragem de ler as últimas dez. Mais do que uma mera descrição da sociedade russa já em decadência, durante os tempos de guerra e paz, Tolstoi questiona o porque disso e não se conforma com as soluções simples. Para ele uma guerra não é fruto da ordem de um homem de poder, nem do livre-arbítrio dos homens, que apesar de livre é limitado por vontades e necessidades. Já os seus personagens não se encaixam em enredos fáceis com personalidades em primeiro plano e se corrompem com bondade, maldade, impulsos, paixões, paixões que logo passam, culpa e conflitos morais: ninguém é inocente.
Dessa vez é sério, estou apaixonada, e o momento da separação é dolorido.

2 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

eu quero ler tb.. e to com minha leitura atrasada esse ano

:S

nathalia.z disse...

Má, comecei a ler seu texto achando que voce estava falando de um relacionamento. rs Mto linda a forma como você descreveu a sua conexão com a obra literária. Beijo