quinta-feira, 27 de abril de 2006

"Tudo o que é sólido se desmancha no ar"

Depois de 394 páginas baseadas nisso, ficou claro que como consequência de viver na modernidade, aquilo que é uma certeza sólida pode se desmanchar no ar a qualquer momento. De prédios a buracos-negro, tudo o que rodeia o ser humano é sujeito a essa perda de existência.
A única certeza que resta sólida, é que, para aqueles que se importam realmente com a existência, virão crises existênciais.
Com os valores mudando tão rápido, eles também se perdem, e "as pessoas sabem o preço de tudo e o valor de nada"(O.Wilde). O que vale mais? Será que "mais vale um pássaro na mão que dois voando?"
Suspender o juízo e colocar tudo em dúvida a cada edifício que despenca? Não há tempo para Iluminismo, a era já mudou.
Planos se desmancham, mas não se pode se desmanchar junto com ele. Sem amarguras, ninguém é de açúcar. As certezas que devem ser construídas para não desmoronar são as de dentro, os sentimentos, as idéias, o caráter (em falta no mercado). Se tudo isso depende daquilo que nos rodeia não somos seres humanos mas sim... pedras, buracos-negro.
Mas nem só de sentimentos é feito um ser humano. Talvez os sentimentos sobrevivam de força e coragem. Um ser humano sobre-vive; mas não vive.
O homem também não é feito só de razão, mas é dela que parte o instinto de sobrevivência, o nosso lado sólido e esse diz, que além de força e coragem é preciso bom-senso, para que nem tudo o que é sólido, se desmanche no ar.
ps:O mistério continua, quem souber ganha um biscoito: o que esse livro tem a ver com semiótica?

Um comentário:

Du disse...

"Ar" lê-se "cabeça do Homem Moderno". Mal-estar da Civilização: Liberdade x Segurança... quanto mais liberdade se tem, menos seguro se sente; mas para se sentir seguro é preciso restringir a liberdade... eterna busca, pois perseguimos sempre o que falta... falta estrutural? A geração anterior lutou por liberdade, nós lutamos por segurança.

Para a discussão não ficar muito abstrata: Casquei o bico quando um brother me cantou Engenheiros do Havaí (e que vejo direto nos "nicks" do MSN) dizendo alguma coisa tipo "voce precisa de alguém que lhe dê segurança, senão voce cansa, senão voce dança". Pra se sentir seguro com alguém talvez seja necessário restringir alguns pensamentos, cortar a liberdade? Mas e aí, se cortar a liberdade o amor não sufoca? Aí eu penso que são pouquíssimas as pessoas que conseguem se relacionar com outras verdadeiramente... digo isso até de "brothers"... é uma coisa muito fácil de se ver, muito escancarada...

O pior é que vivemos os tempos de liberdade entre milhões de aspas, e insegurança no maior sentido da palavra... Como pode a humanidade só ir sempre para os piores caminhos possíveis? Agora, na pós-modernidade (um conceito até bizarro), inauguramos a era da insegurança instalada pela ordem...