Alem de contos de fadas

Em alguns lugar da minha curta juventude, desenvolvi uma certa impaciência para com crianças. Ainda assim, como tempo livre de quem ainda não arrumou estágio, comecei hoje um trabalho voluntário numa creche aqui do Real Parque: O Visconde. Meu trabalho é incentivar as crianças a lerem, lendo para elas. Não é uma tarefa fácil, já que "é a era do audiovisual e as criancas querem as imagens" disse Rose, a coordenadora.
Porém, tudo foi muito diferente do que se podia pensar. As crianças estavam extremamente dispostas a participar, e apesar do rebuliço constante que ciranças tiem o dom de causar, elas tinham sede do livros, trazendo a cada minuto novos livros para ler, mal querendo sair para a hora do lanche.
Porque um ato tão simples como o interesse pelos livros traz de volta a esperanca de que o mundo não está perdido? Porque as crianças da favela que os jornais nos fazem acreditar serem diabinhos sem índole, sem educação e respeito querem só um pouco de atencão humana e carinho. A capacidade é a mesma. Muitas não queriam nem que eu lesse e liam com mais dedicação que qualquer outra crianca de escolas caras e pomposas. Sem saberem o que era ser jornalista, alguns falavam que queriam ser professores, monitores. É um mundo paupável, mesmo lendo A Branca de Neve, como pediram.
Como muitoas estórias da carrochinha, a infância delas não é a mesma de uma família bem-estruturada, não à toa elas são tão carentes e se apaixonam por você com a menor reciprocidade, querendo retribuir colocando até flores no cabelo. Ainda assim a infância delas não está perdida como dizem os jornais. Elas estnao felizes. Mesmo sabendo que talvez nunca cheguem a ser Branca de Neve ou A Bela Adormecida. Melhor. Afinal, contos de fadas nunca existiram mesmo.