A mulher moderna
Eram seis da tarde de véspera de feriado, em mais um escritório de advocacia. Atrás do computador, rodeada por calhamaços de processos e recados, ela mantinha a beleza de um sábado à tarde, e os traços de cansaço só eram visíveis àqueles que a conheciam bem. Para estes, ficava claro que o dia tinha sido difícil. Ainda assim, com didática, ela falava ao telefone com a empregada: "Não, não. Refogue o espinafre, mas não corte. Misture com pedacinhos de tomate, cebola e alho e coloque no macarrão. Não, coloque só na hora de servir." Minha mãe desligou o telefone com um suspiro, seguido de um sorriso, por me ver ali, e eu contei do meu dia.
Não existe uma pressão real para que nós, mulheres, sejamos perfeitas. Mas dada a capacidade de fazer e ser tudo, como resistir? Conforme as oportunidades se apresentam, nos entregamos às tarefas e ainda inventamos outras. Ganância? Um pouco, mas a questão é que nascemos com um grande defeito de sermos sempre prestativas, preocupadas, neuróticas e multifuncionais. Assim como as impressoras modernas, só que com sentimentos e belas pernas. E no fim do dia, sofremos com a falta de reconhecimento e para muitos, somos "apenas mulheres". Qual é o limite? Até que ponto irá a mulher moderna? Era isso mesmo que as feministas queriam? Em nenhum momento eu gostaria que as minhas oportunidades e capacidades fossem menores, mas é preciso ter um limite Qual é? Isso que chamam de igualdade? E quando o outro sexo vai começar a oferecer ajuda real?
2 comentários:
ai ai tô com rosto banhado em lágrimas...tão lindo...tão sensível...bom ter 1 filha que Lê a alma da mãe!
ah! aproveitem a receita do macarrão com espinafre- ficou ótimo!
LINDO Má, simples e claro...Disse tudo! Que SAUDADES de vc!
=D
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