Quando tudo resolve acontecer ao mesmo tempo
As pilhas de livros vão surgindo, como se fossem estalagtites. Os papéis se espalham e logo estão por todo o lado. As roupas também ganham lugares aleatórios no armário, com a pressa de sair logo para programações inesperadas. O calendário esquece de ser virado, e as fotos no mural estão desatualizadas.
Há algumas semanas, o tempo tem sido agradavelmente escasso para mim. É irresistível: e como se eu fosse o metrô da Sé, sempre dou um jeito de fazer caber mais uma atividade, encomendo mais um livro ou dois, marco mais um almoço, escrevo mais um parágrafo e me entrego aos amigos, que fazem convites de programas interessantes.
O pânico, a ansiedade, a bagunça e a queda de resistência incomodam, e eu sinto falta de dormir. Muitas vezes, fico à deriva da indecisão, diante das escolhas. Os momentos de ócio são prazerozos, mas cheios de culpa. Os compromissos atrasam, adiantam, se confundem e se reorganizam. Para qualquer um, esse caos pode soar extremamente desagradável. As pessoas sempre querem que tudo dê certo. E daí quando tudo dá certo, tudo sem exceção e ao mesmo tempo, elas reclamam que estão cansadas, que assim não dá, é pouco tempo, é muito difícil, que não dá pra ser tudo ao mesmo. Mas eu já aviso, que não pretendo trocar isso por nada. Quem disse que a vida boa é fácil? Quem disse que a correria não é alegre?
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